sexta-feira, 2 de julho de 2010

FATORES QUE INFLUENCIAM A SATISFAÇÃO DE ALUNOS QUE CURSAM ENSINO MÉDIO E ENSINO TÉCNICO NA ETEC PARQUE DA JUVENTUDE

Programa Especial de Formação Pedagógica - SALA 52A

Trabalho entregue à disciplina - Estrutura da Educação Profissional

Professor Iristeu Barboza

Ivan Geza Borbely

Rogério Barbosa da Silva

RESUMO

Durante reuniões de pais e mestres do Ensino Médio, promovidos pelas escolas é possível observar que a maioria dos pais não sabe o que esperar o curso, considerando essa etapa da educação apenas como uma preparação para o vestibular. A preocupação com esse tipo de preparação existe entre professores, coordenação, direção e principalmente alunos, porém as diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Médio prevêem apenas como uma parte das atribuições do currículo “fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Apesar de propostas muito bem definidas, a falta de constante divulgação dos objetivos do ensino médio pode contribuir para que alunos e pais não saibam o que esperar do curso. Em contrapartida, no ensino técnico, apesar das propostas não serem divulgadas, pais e alunos sabem exatamente o que esperar das aulas e professores, o que pode ser responsável para que os alunos assumam posturas diferentes em cada um dos cursos. Para Investigar se a objetividade do Ensino Técnico e a falta de clareza nos objetivos do Ensino Médio podem influenciar diretamente no comportamento e satisfação dos alunos nos diferentes cursos foram aplicadas ferramentas de levantamento de dados como entrevistas e questionários para coordenadores, professores, pais e alunos que estejam envolvidos com o Ensino Médio e o Ensino Técnico na ETEC Parque da Juventude. Além dessas ferramentas, foram utilizados os planos de curso de dois cursos técnicos (Informática e Informática para Internet), o documento “Proposta de currículo por competências para o Ensino Médio” do Centro Paula Souza e as “Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio” (DCNEM). Para atingir os objetivos desse trabalho será utilizada uma entrevista com a coordenadora pedagógica da ETEC Parque da Juventude em São Paulo, com coordenadora do Ensino Médio da ETEC Parque da Juventude, com coordenador de curso técnico de informática da ETEC Parque da Juventude e com a Diretora da ETEC Parque da Juventude. Questionário com professores do Ensino Médio e Ensino Técnico em Informática e Informática para Internet de ETEC´s. Foi aplicado também um questionário com cinquenta alunos do Ensino Médio e Técnico, comuns às duas áreas. Como base para essa linha de investigação, foram consultados o caderno “Proposta de currículo por competências para o Ensino Médio” do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza e os Planos de curso do Ensino Técnico em Informática e Informática para Internet.

Palavras Chave: Ensino Médio, Ensino Técnico, diferenças

ABSTRACT

During meetings of parents and teachers of high school, promoted by the schools is possible to observe that most parents do not know what to expect from the course, considering this stage of education as merely a preparation for the exam. The concern with this type of preparation between teachers, coordination, direction and especially students, but the national curriculum guidelines for secondary education provide only as a part of the tasks of the curriculum "to provide him with means to advance at work and subsequent studies" . Although proposals very well defined, the lack of continuous disclosure of the objectives of secondary education can help students and parents do not know what to expect of the course. By contrast, technical education, despite the proposals were not disclosed, parents and students know exactly what to expect from classes and teachers, which may be responsible for the students to assume different positions in each of the courses. To investigate whether the objectivity of technical education and lack of clarity in the objectives of high school can directly influence the behavior and satisfaction of students in different courses will be applied tools for data collection such as interviews and questionnaires to engineers, teachers, parents and students who are involved with high school and technical education in ETEC Parque da Juventude. In addition to these tools will be used for travel plans of two technical courses (Computer Science and Information Systems for the Internet), the document "Proposal for a skills curriculum for High School" at Centro Paula Souza and the 'National Curriculum Guidelines for Secondary Education " (DCNEM). To achieve the objectives of this study will be used an interview with the educational coordinator of ETEC Parque da Juventude in Sao Paulo, coordinator of the School of ETEC Parque da Juventude, with course coordinator of informatics ETEC Parque da Juvenude and the Director of ETEC Parque da Juventude. Questionnaire with secondary school teachers and Technical Education in Computer and Information Systems for Internet ETEC's. A questionnaire will also be implemented with fifty high school students and technical, common to both areas. As a basis for this line of research, the book will be consulted "Proposal for a curriculum by competencies for high school to the Centro de Educação Técnologica Paula Souza and Plans of the Degree course in Computing and Information Systems for the Internet.

Keywords: Secondary Education, Technical Education, differences, approach.

A principal preocupação dos alunos matriculados no Ensino Médio é, sem dúvida, a preparação para enfrentar o vestibular que funciona como um divisor de águas em suas vidas. Grande parte dos alunos atribui ao ingresso na faculdade a responsabilidade de serem felizes em uma profissão que se sentem pressionados a escolher, sem entender completamente quais as atribuições profissionais do que se pretende. A primeira dificuldade encontrada é a da própria adolescência que representa uma fase de mudanças intensas físicas e psicológicas.

A adolescência é o momento em que o jovem atravessa mudanças intensas e rápidas em todas as esferas de sua vida: física, social e psicológica. Recém saído de uma posição infantil, sem ainda poder ser considerado adulto, o problema básico do adolescente é estar fora de lugar. A etapa exige uma reconstrução da subjetividade, um redirecionamento da forma habitual de ser rumo ao novo e ao desconhecido. Algumas características próprias da fase são a insegurança, a busca de uma identidade, a ambivalência e a experimentação de papéis. (OLIVEIRA, 2000)

Além de se deparar com as mudanças impostas pela adolescência e pela falta de certeza sobre qual carreira seguir, o aluno que está cursando o ensino médio sofre enorme pressão pela aproximação do vestibular. Para Rodrigues e Pelisoli (2008) “Durante a preparação para o vestibular, o adolescente enfrenta, além das incertezas e inseguranças inerentes à sua condição desenvolvimental, a cobrança da família, de amigos e da própria sociedade para que ele obtenha a aprovação”. Assim sendo, os alunos esperam encontrar principalmente o conteúdo que julgam necessário para o ingresso nessas instituições, nas aulas do Ensino Médio que estão cursando, esperando que o curso seja quase um treinamento para acessar uma instituição de Ensino Superior. Quando entendem a grade curricular Ensino Médio que privilegia não apenas disciplinas que garantam o ingresso no Ensino Superior, como matemática e português, mas, também uma área diversificada, contendo disciplinas que envolvam línguas estrangeiras (inglês e espanhol), Filosofia e Sociologia, isso faz com que os alunos totalmente focados no vestibular tenham a sensação de que estão sendo desviados do objetivo fazendo com que a ansiedade já presente neles, fique ainda maior.

O vestibular é uma tarefa que faz parte de um número significativo de jovens brasileiros. Por muitos considerado uma forma cruel de selecionar os alunos mais capazes, esse processo seletivo gera uma série de emoções e expectativas. A depressão e a ansiedade parecem ser fatores complicadores desse processo [...]. (RODRIGUES, PELISOLI, 2008)

A disputa por atenção dos colegas e professores é ampliada pelo fato de todos os alunos dentro de uma mesma sala do Ensino Médio, terem a mesma faixa etária, estarem atravessando as mesmas mudanças no corpo e ainda por estarem se preparando para um processo competitivo, que é o vestibular.

A espera e a preparação até o dia da prova, o fato de esse processo seletivo se caracterizar como uma competição e a idéia de que somente os melhores obtêm aprovação e de que o sucesso depende não somente do próprio esforço do candidato, mas também do desempenho dos outros candidatos, são fatores que contribuem para a formação e manutenção de um processo ansioso. (RODRIGUES, PELISOLI, 2008)

Assim sendo o vestibular é um fator de extrema importância na análise da postura dos alunos matriculados no Ensino Médio, já que pode afetar diretamente o comportamento apresentado em sala de aula.

Na década de 1930 a principal função do Ensino Médio era o de preparar o aluno para o Ensino Superior, conforme Campos (1031, P.3) “O ensino secundário tem sido considerado entre nós como um simples instrumento de preparação dos candidatos ao ensino superior, desprezando-se, assim, a sua função eminentemente educativa." Isso tornava essa etapa do Ensino apenas uma ponte entre o Ensino Fundamental e o Ensino Superior.

Em 1971, após o lançamento da lei de número 5.692, o Ensino Profissionalizante se torna compulsório visando o processo de qualificação de mão de obra e preparação do aluno para o mercado de trabalho. O principal objetivo do Ensino Médio passa a ser então a profissionalização do aluno.

A partir da criação da Lei de Diretrizes e Bases número 9.394/96, o objetivo do Ensino Médio é o de uma educação para a vida, primando pela “preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores” (Inciso II do artigo 35 da LDB93/94/96). Isso prevê uma mudança na educação que passa a preparar o aluno para o Mundo do trabalho e não mais para o Mercado de trabalho.

Dessa forma, o artigo segundo da Constituição Federal Brasileira define os princípios e fins da educação “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nas ideias de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Com a promulgação da Constituição Federal brasileira em outubro de 1988, a educação nacional passa a ser considerada como um direito social com definição de seus fins, princípios e estrutura de funcionamento. Tendo como base a Constituição Federal brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em dezembro de 1996, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 0304/96), sancionada pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, complementa a Constituição e norteia os fins da educação nacional, tornando-a direito para todo cidadão brasileiro.

Aprender para a vida. Esta é a filosofia básica da reforma do Ensino Médio que o Ministério da Educação (MEC) vem implementando no País. A reforma começou com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), em 1996. Um dos pontos principais da reforma
é a separação da Educação Profissional do ensino regular. A partir de
agora, a formação técnica é um complemento da Educação geral e não
um pedaço dela. Com essa mudança, o ensino profissional pode ser
cursado ao mesmo tempo que o Ensino Médio, mas o aluno tem que fazer
os dois cursos para receber o diploma. (Folha de S. Paulo, 19/8/99)

Atendendo jovens com idades médias previstas pelos níveis de ensino entre 15 e 17 anos, esta etapa da educação básica deve ser oferecida mediante a “progressiva universalização do Ensino Médio gratuito” (conforme inciso II do art. 208 da Constituição Federal).

Segundo levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), de um total de 1.744.834 matrículas realizadas no Estado de São Paulo em 2008 no Ensino Médio, 1.483.839 são oferecidas em 3.699 escolas do Governo do Estado, 1.684 em 04 unidades de ensino pelo Governo Federal e 20.307 em 62 escolas sob responsabilidade do governo municipal enquanto 239.004 pertencem a 1989 escolas particulares (http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=sp&tema=educacao2008 ).

Dessa forma o objeto de análise será uma escola pública, a ETEC Parque da Juventude, vinculada ao Centro Paula Souza, entidade ligada à Secretaria de Tecnologia e Desenvolvimento do Estado de São Paulo.

A Educação Básica não prepara especificamente para o exercício profissional, mas sim para a vida social, para a convivência e para a prática da cidadania. Prepara para desenvolver uma série de competências que possibilitam a compreensão e interação no mundo atual oferecendo ainda as “ferramentas” que são necessárias para a formação do profissional.

A inserção no mundo do trabalho faz parte da interação das pessoas na sociedade. O Centro Paula Souza oferece, em suas Escolas Técnicas, uma formação básica, através do Ensino Médio e uma Educação Profissional através do Ensino Técnico que exige a formação básica para sua conclusão. (SAI – Sistema de Avaliação Institucional / ETEC 2009, P.26.1)

Segundo respostas dadas pelos alunos matriculados ao mesmo sistema de avaliação, 92,4% escolheram a escola por ser uma boa unidade de ensino e 84,8% foram influenciados pelo fato dessa escola oferecer ensino gratuito.

Dos alunos pesquisados 96,5% pretendem fazer o Ensino Superior e 71,8% pretendem fazer um Curso Técnico.

O índice de satisfação dos alunos do Ensino Médio da ETEC Parque da Juventude é de 77,3%, entre os 341 alunos pesquisados.

Em 1930, após o “crash” da bolsa de Nova York, o preço do café desaba e os produtores de São Paulo enfrentam uma crise sem precedentes para esse produto, que se agrava após a revolução de 1932. Dessa forma se inicia um êxodo rural em massa do interior para a capital paulista. No período, o Estado entra em uma fase de desenvolvimento que é aquecida pela construção de novas rodovias e usinas hidrelétricas.

Com o início da segunda guerra mundial, há uma interrupção na importação de produtos, que passam a ser produzidos pela indústria paulista. Esse processo de industrialização é ampliado quando o então presidente Juscelino Kubitschek implanta as bases da indústria automotiva na região do ABC de São Paulo.

Acompanhando o crescimento da indústria, em 22 de janeiro de 1941 o então ministro da Educação, Gustavo Capanema, oficializa o Ensino Técnico no Brasil.

As primeiras reuniões do Conselho Estadual de Educação para a criação do Centro Paula Souza aconteceram em 1963, quando surgiu a necessidade de formação profissional para acompanhar a expansão industrial paulista e, em 06 de outubro de 1969 a instituição inicia suas atividades.

O Ensino Técnico é um dos segmentos da educação escolar destinado à formação de profissionais com mão de obra qualificada para os diversos setores da economia, como o agrícola, industrial, comercial e de serviços. Promove uma entrada rápida no mercado com cursos que tem duração de um ano e meio a três anos.

A educação profissional e tecnológica, que abrange o ensino superior tecnológico e o técnico de nível médio, são, na avaliação de especialistas, alternativas para quem quer acelerar a entrada no mercado de trabalho.

No primeiro caso, segundo explicações do coordenador de Ensino Superior do Centro Paula Souza, Ângelo Luiz Cortelazzo, a aceleração se dá por se tratarem de cursos com tempo de formação menor do que um bacharelado ou uma licenciatura, sendo inclusive uma opção para quem já tem claro com o que quer trabalhar, ou seja, para quem já sabe qual área de determinada carreira gostaria de seguir.

“São oportunidades mais rápidas de entrada no mercado de trabalho porque possuem um tempo de formação menor, já que, ao contrário dos bacharelados, que são generalistas, os cursos superiores tecnológicos são mais focados”, diz. (http://economia.uol.com.br/planodecarreira/ultnot/infomoney/2010/04/05/ult4229u3334.jhtm 05/04/2010 às 08h58)

Em 1971 as leis 5.540 de 28/11/1968 e 5.692 de 11/08/1971, tornavam obrigatória a profissionalização do Ensino Médio para, segundo os documentos oficiais, dotar a nação dos recursos humanos – especialmente no que se referia à qualificação profissional de nível médio – necessários aos programas de desenvolvimento nos diversos setores da economia.

Onze anos depois – com a reforma da LDB efetivada pela Lei nº 7.044 de 18 de outubro de 1982 – a profissionalização no ensino de 2º grau deixou de ser obrigatória. Com a promulgação da LDB de 1996 – Lei nº 9.394 de 20 de dezembro – este ramo da educação escolar brasileira foi abrangido pelo que passou a se designar como Educação Profissional.

A LDB 9394/96 prevê que o Ensino Técnico está ligado ao Ensino Médio, de forma que para concluir um curso Técnico o aluno deverá ter concluído também o Ensino Médio. “A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas seguintes formas: articulada com o ensino médio; subseqüente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino médio”. (LDB 9394/96 Art. 35ºB Incisos I e II - Incluídos pela Lei nº 11.741, de 2008)

Utilizando os dados obtidos com o Sistema de Avaliação Institucional do Centro Paula Souza, aplicado aos alunos matriculados nos Cursos Técnicos em 2008, é possível traçar o perfil desses alunos.

Segundo respostas dadas pelos alunos matriculados ao mesmo sistema de avaliação, 77,1% escolheram a escola por ser uma boa unidade de ensino e 88,6% foram influenciados pelo fato dessa escola oferecer ensino gratuito.

O índice médio de satisfação dos alunos do Ensino Técnico da ETEC Parque da Juventude é de 55,35%, entre os 332 alunos pesquisados.

CONCLUSÃO

Após a análise dos dados obtidos é possível verificar que algumas diferenças podem contribuir para a mudança de comportamento nos alunos do Ensino Médio e do Ensino Técnico.

A primeira grande diferença está na média de idade dos alunos do Ensino Médio, em torno de 16 anos, enquanto no Ensino Técnico a média de idade gira em torno dos 19 anos. Esse fator gera uma equalização no comportamento dos alunos, que não tem em seus colegas o apoio para brincadeiras infantis, discrepantes com o andamento das aulas.

Outro fator importante notado é a falta homogeneidade dos alunos no que diz respeito à escolaridade anterior. No Ensino Médio os alunos vêm, na grande maioria (70%), de escolas particulares, enquanto no Ensino Técnico a escolaridade anterior predominante é a pública (75%).

Apenas esses dois fatos têm uma contribuição enorme na diferença de posturas, já que os alunos mais velhos e acostumados com o ambiente encontrado em instituições públicas, acabam impondo um ritmo diferente na sala de aula.

A situação de trabalho dos alunos também contribui enormemente para a mudança encontrada, já que no Ensino Médio encontra-se uma parcela de maioria quase absoluta (91%), de alunos que não trabalham contra um número bem menor (68%) que trabalham. Os números se tornam ainda mais expressivos quando nos deparamos com o fato de que uma parte do corpo discente respondeu à mesma pesquisa duas vezes, já que faz concomitantemente os dois cursos, em períodos diferentes.

Um dos maiores diferenciais encontrados na pesquisa de campo é referente aos objetivos determinados pelo Centro Paula Souza para ambos os cursos. Grande parte dos alunos do Ensino Médio (64%) desconhece os objetivos propostos pelo Centro Paula Souza para o curso em que estão matriculados, o que contribui para parte do descontentamento que apresentam com algumas disciplinas, já que não entendem a participação da mesma na constituição das competências planejada para o estudante. Dessa forma muitos alunos reclamam do “excesso” de aulas em disciplinas como espanhol, preferindo que essa carga horária fosse transferida para disciplinas que eles consideram mais importantes para entrar em uma instituição de ensino superior, como matemática e português. De maneira contrária, os alunos cursando o Ensino Técnico, demonstram em sua maioria (73%) conhecimento dos objetivos propostos pelo Centro Paula Souza.

Essa diferença indica uma diferença óbvia no entendimento geral do curso para os alunos de cada um dos cursos. Como o entendimento do curso todo é muito mais claro para os alunos do Ensino Técnico, eles compreendem melhor o que cada disciplina representa na construção das competências totais do profissional que ele deve se tornar. Dessa forma poucos acreditam que algumas disciplinas não colaboram para a construção do todo, o que contribui para a importância dada a todas as disciplinas e, portanto, para que o aluno fique mais atento em sala de aula.

O fato mais importante não é apresentado apenas nas respostas do questionário, mas, principalmente nas observações locais, onde percebe-se que os alunos dessa nova geração estão cada vez mais imediatistas. Essa informação é vital para que se possa chegar a conclusões relevantes em relação à postura e comportamento dos alunos. No Ensino Técnico na primeira aula os professores colocam os objetivos gerais de suas disciplinas e quando iniciam uma nova matéria, os alunos ficam sabendo imediatamente, onde deverão chegar. Além disso, cada turma tem um laboratório sempre reservado para sua utilização e após trabalharem a teoria, os alunos aplicam o que aprenderam no laboratório. Dessa forma, além de fixarem o conteúdo, os alunos não têm a sensação de falta de aplicabilidade ao que é aprendido.

No Ensino Médio os professores não indicam o objetivo das disciplinas, para que o aluno vá descobrindo gradativamente como forma de exercitar as descobertas. Frequentemente, os professores também não indicam onde o conteúdo transmitido poderá ser aplicado e isso faz com que os alunos tenham uma sensação de que aquilo que é visto em sala de aula não se aplica à vida fora da escola. Os laboratórios, apesar de existirem para algumas disciplinas, como química e física, são pouco utilizados, fazendo com que a teoria seja vista isoladamente.

Dessa forma, é possível concluir que as principais diferenças geradoras de mudança de postura no Ensino Técnico, em relação ao Ensino Médio são: a diferença de idade que por ser mais elevada faz com que os alunos mais novos mudem a postura; o número de alunos empregados; a vida escolar anterior e, principalmente, a falta de conhecimento dos objetivos propostos pelo Centro Paula Souza para o Curso Médio e a não utilização de elementos que tragam a realidade para dentro da sala de aula.

As propostas desse trabalho, para diminuir a diferença de postura entre os alunos do Ensino Médio e Ensino Técnico, baseiam-se na tentativa de trazer a realidade para dentro da sala de aula, em forma de aulas práticas, sugerindo aos professores que se utilizem de laboratórios, deixando as aulas com um formato mais atrativo para os alunos.

Outra forma de diminuir as diferenças é investir na divulgação das propostas do Centro Paula Souza para o Ensino Médio, tanto para alunos, como para pais de alunos, fazendo com que seja de conhecimento comum a informação de que o curso não tem como único objetivo o ingresso do corpo discente em uma Instituição de Ensino Superior. Ao estarem informados os alunos já saberão o que encontrar na escola, tornando mais fácil a aceitação de disciplinas que não são consideradas essenciais para o vestibular.

BIBLIOGRAFIA

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